sábado, 13 de novembro de 2010

Relatório da visita ao Museu Rainha D. Leonor (Museu Regional de Beja)

Há algumas semanas visitámos o Museu Regional de Beja. A visita foi guiada pelo Dr. Leonel Borrela, técnico do Museu, e assentou principalmente na temática da arte Barroca.
Iniciámos a visita na Igreja do Convento da Conceição onde nos foi mostrada toda a riqueza da talha dourada dos séculos XVII e XVIII, o púlpito onde o pregador orava e do lado direito três altares em talha dourada e um outro em mármore florentino todos no estilo Barroco.

De seguida fomos para o Claustro, onde descobrimos que por baixo de nós se encontrava o túmulo da fundadora do Convento, Dona Beatriz e todos os túmulos das freiras que professaram no Convento. Verificámos que as abóbadas das quadras (corredores do Claustro) pertenciam a vários estilos, sendo destacadas as abóbadas da quadra de S. João Evangelista e os seus feixes com símbolos diversos.
Também foi referido nas quadras, principalmente a de S. João Baptista, a riqueza dos azulejos portugueses do século XVII que também denunciam uma marcada influência Barroca.
Observámos as Esferas Armilar presentes no portal do antigo refeitório do Convento, demolido no século XIX.

Na Sala do Capítulo observámos a influência árabe na arquitectura do Alentejo, através da riqueza dos azulejos hispano-árabes do século XVI. Todos os painéis de azulejos existentes, de acordo com o Dr. Borrela, têm um erro (um azulejo diferente ou fora de posição), uma vez que para a religião árabe só Deus (Alá) é perfeito, pelo que as coisas terrenas deviam ter uma imperfeição. Na abóbada desta sala existe um texto que nos informa quando foi pintada a abóbada e quem a mandou pintar. Também esta pintura é de estilo Barroco. Por cima da escultura de Jesus do Capítulo estava uma inscrição em latim que dizia "Eis o modo como morrem os justos". As restantes pinturas da parede desta sala referem-se a motivos cristãos e bíblicos.

Posteriormente, visitámos a Sala de Pintura Portuguesa do Século XVIII, com diversas obras de influência Barroca e ao centro uma mesa feita de "pudim", que é uma de mistura de rochas sedimentadas ao longo do tempo e que tem por cima uma escultura de Nossa Senhora das Dores, também ela de arte Barroca.

Por fim, dirigimo-nos à Sala de Pintura de Pintura Portuguesa, do século XVI, e Espanhola do século XVII. Interessou-me nessa sala a pintura "Alegoria Filosófica", quadro de grande carga simbólica. Os objectos nele representados, segundo o Dr. Borrela, encerram uma crítica à Inquisição, representando alguns objectos como a caveira, o gorro do bobo da corte enfiado no globo terrestre, os objectos de alquimia e um pente de piolhos. Foi-nos acrescentado, neste e noutros quadros, que muitas vezes o autor não assinava a obra, pois a obra tinha sido "feita por Deus". Para algumas obras, isto era um modo de escapar à Inquisição.

No geral gostei da visita e espero que a Professora tenha outra iniciativa como esta.





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